Estudo apontou que transição para uma última fase da pandemia acontece mais cedo em Manaus, devido redução drástica na velocidade de mortes na cidade.
A décima edição do boletim do projeto Atlas ODS Amazonas, do Centro de Ciências do Ambiente da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), prevê que Manaus será a primeira cidade do Brasil a “vencer” o novo coronavírus. De acordo com o estudo, a transição para uma última fase da pandemia está acontecendo mais cedo na capital do Amazonas do que em outros epicentros do país, pois os dados projetam uma redução drástica na velocidade de mortes na cidade, após população passar por interação massiva com a Covid-19.
Em Manaus, o sistema público de saúde entrou em colapso entre os meses de abril e maio por conta do alto número de doentes infectados com a Covid-19. A capital amazonense, que está entre as seis do País com mais de mil mortos pela doença, chegou a enterrar caixões empilhados por conta da grande quantidade de mortes, que atingiu uma média histórica no mês de abril. Naquele mês, caixões do maior cemitério público de Manaus passaram a ser enterrados em valas comuns, medida que continua sendo aplicada enquanto o comportante da Covid-19 é observado.
O coordenador do projeto Atlas ODS Amazonas, professor Henrique dos Santos Pereira, explicou em coletiva de imprensa online, nesta quinta-feira (11), que os pesquisadores observaram que a redução na velocidade de mortes na cidade aconteceu de maneira mais rápida por Manaus já ter apresentado elevadas taxas de mortalidade e letalidade. Isto, segundo o estudo, resultou na diminuição da velocidade de óbitos mais rápida e precoce do que a de casos.
Para a última fase da pandemia, que Manaus está próxima de viver, segundo o professor Henrique dos Santos Pereira, a estimativa é de que haja uma redução lenta na velocidade de casos do novo coronavírus, enquanto a mortalidade deverá ter uma redução drástica e chegar a quase zero.
“A gente não sabe se isso será o fim. Então, a gente acha que a transmissão da doença deverá perder velocidade, pelo menos até que novas estirpes do vírus surjam, mutações, formas mais virulentas que reiniciem o processo de contágio, ou haja o aumento da população suscetível, caso a imunidade seja temporária”, explicou o professor.
“Imunidade de rebanho”
Ainda na décima edição do boletim do projeto Atlas ODS Amazonas, sobre o novo coronavírus, os pesquisadores descartaram a possibilidade da população ter sido suscetível a uma “imunidade de rebanho”. Segundo o professor Henrique dos Santos Pereira, a “imunidade de rebanho” acontece por vacinação. Como não há vacina para a Covid-19, não há como afirmar que a população de Manaus tenha adquirido esse tipo de imunidade.
“Manaus interagiu de maneira intensa com o vírus que era uma mistura de vírus mais virulentos, com menos chance de transmissão e menos virulentos, com maior chance de transmissão. Com o tempo, a frequência de vírus menos virulentos na população se tornou a dominante. Mais pessoas vão adoecendo, pois o vírus é muito eficiente em ser transmitido, mas não de formas graves da doença. Nada a ver com ‘imunidade de rebanho’, mas sim com um processo ecológico chamado de ‘trade-offs co evolutivos'”, explicou o professor.
Com a recente queda nos números, o Governo do Amazonas já optou pela reabertura gradual do comércio, que teve início no dia 1º de junho. Na segunda-feira (15), será iniciado o segundo ciclo de reabertura do comércio. Especialistas alertam que a reabertura precoce pode causar um novo surto de infectados.
Via: globo