O ministro da Saúde, Nelson Teich, anunciou hoje em coletiva de imprensa que o governo federal vai enviar a Força Nacional do SUS (Sistema Único de Saúde) a Manaus para reforçar o sistema de saúde da capital amazonense, um dos mais sobrecarregados do País por conta do novo coronavírus.
Mais cedo, o prefeito da cidade, Arthur Virgilio Neto (PSDB-AM), já havia alertado que “o pior está por vir” no estado, que contabiliza 2.888 casos confirmados de covid-19 e 234 mortes. Ali a doença tem letalidade de 8,1%, maior do que a média nacional de 6,7%.
Nas análises técnicas do governo amazonense, o pico da doença acontecerá em 15 de maio. Ainda segundo o prefeito, não há a “menor condição de abrir completamente a atividade econômica”, porque mais pessoas vão adoecer e os hospitais já estão lotados.
As declarações foram feitas em uma conferência por vídeo na comissão externa da Câmara dos Deputados para o combate ao coronavírus. Também participaram o governador Wilson Lima (PSC-AM), deputados do estado e membros do Conselho Regional de Medicina.
Mais testes e leitos de UTI
Teich também informou que o governo já recebeu mais 10 milhões de testes de covid-19 que ainda serão distribuídos aos estados. De acordo com o ministro, o responsável por essa logística é o general Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo.
Além disso, o governo habilitou hoje mais 1.134 leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) pelo Brasil, “nos mais diferentes estados”. Teich não especificou onde esses leitos serão instalados, mas disse que será necessário investimento de R$ 163 milhões ao longo dos próximos 90 dias para sua manutenção e funcionamento.
Após a coletiva, a assessoria do Ministério da Saúde divulgou uma lista com a divisão desses leitos de UTI. Ao todo, nove estados foram contemplados: Acre, Alagoas, Ceará, Maranhão, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e São Paulo. À beira do colapso, o Amazonas não ganhou novos leitos.
Saída do isolamento
Questionado sobre o isolamento social, o oncologista evitou endossá-lo ou criticá-lo, dizendo apenas que “defende o que for melhor para a sociedade”.
“Não quer dizer que a gente vai sair amanhã, ou que alguém defende o isolamento ou não. Se o melhor para a sociedade for o isolamento e se tiver que ser o isolamento, é o que vai ser. Se eu puder flexibilizar e se isso não influenciar no combate à doença, é o que vou fazer”, declarou.
Ele ainda afirmou que não existe uma “escolha pelo isolamento ou não”. “É o isolamento na hora certa e a saída na hora certa. Essa capacidade de julgar e de tomar decisões é o que vai fazer a gente ajudar a sociedade”, concluiu.