Governo do AM apresenta plano para reabrir comércio, escolas e eventos culturais em Manaus

Wilson Lima diz que queda dos casos de Covid-19 e aumento da capacidade de atendimento na saúde serão considerados. AM registra mais de 5 mil casos da doença e tem 94% dos leitos de UTI ocupados.

O Governo do Amazonas apresentou, nesta quinta-feira (30), um plano de reabertura das atividades econômicas em Manaus e na região metropolitana, que tem início previsto para o dia 14 de maio e que segue em ciclos até agosto. A estratégia, de acordo com o governo, é condicionada à curva da Covid-19 no estado, que vem cresce em ritmo acelerado desde o registro do primeiro caso. Conforme boletim epidemiológico desta quinta-feira, o Amazonas tem mais de 5 mil casos confirmados do novo coronavírus e apresenta um dos piores cenários nacionais.

A pandemia do novo coronavírus gerou um colapso no sistema público de saúde do Amazonas, que, até terça-feira (28), tinha 94% dos leitos de UTI ocupados, de acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (Susam). O aumento de mortes levou o governo a instalar contêineres frigoríficos em unidade de saúde e o principal cemitério público da capital passou a enterrar os caixões em valas comuns para atender alta demanda.

Nesta quinta-feira, o Governo do Amazonas também anunciou que prorrogou, até 13 de maio, a suspensão de serviços não essenciais no estado. O governo informou que tomada de decisão sobre o relaxamento do isolamento social será auxiliada por um comitê.

O plano apresentado pelo governador Wilson Lima, durante reunião com prefeitos, vai depender da confirmação das projeções feitas por um estudo elaborado pelo próprio governo. O estudo foi coordenado pelos professores Samy Dana e Alexandre Simas, e contou com apoio de médicos, infectologistas, estatísticos e economistas.

O resultado da análise aponta que Manaus e cidades da região metropolitana já atingem, nesta semana, o pico de casos de Covid-19. O estudo projeta, ainda, que o pico permanece até o dia 10 de maio, com início de curva decrescente a partir do dia 11.

Wilson Lima disse, por meio de assessoria, que dois fatores precisam ser levados em consideração: a queda dos casos de Covid no estado e o aumento da capacidade de atendimento da rede de saúde. “Até lá nós vamos fazer essa avaliação. Lá pelo dia 10, 11 vamos fazer uma reunião com toda a equipe e vamos avaliar se os números caíram ou se mantiveram. Se os números se mantiveram, a gente vai ter que prorrogar nosso decreto”, disse Lima, por meio de assessoria.

O plano de abertura das atividades econômicas foi desenvolvido por ciclos e seguiu, segundo o governo, os seguintes critérios de prioridade: vulnerabilidade perante à crise; número de trabalhadores e clientes em circulação; nível de aglomeração de pessoas; adaptabilidade do setor; arrecadação per capta; e impacto fiscal e na cadeia produtiva.

Confira o plano de reabertura por ciclo:

1º. Ciclo (em adição às atividades essenciais em funcionamento – início previsto em 14 de maio)

  • Lojas de artigos esportivos e afins
  • Lojas de artigos para casa
  • Lojas de vestuário, acessórios, calçados e afins
  • Lojas de móveis e colchões
  • Joalherias e relojoarias
  • Comércio de artigos médicos e ortopédicos
  • Serviços de publicidade e afins
  • Pet-shops e afins
  • Lojas de variedades
  • Agências de turismo e afins
  • Concessionárias e revendas de veículos em geral

2º. Ciclo (em adição às atividades em funcionamento – início previsto em 21 de maio)

  • Lojas de brinquedos
  • Lojas de departamentos e magazines
  • Comércio de cosméticos, produtos de perfumaria e de higiene pessoal
  • Lojas de eletrodomésticos, áudio e vídeo
  • Lojas de informática, comunicação, telefonia e materiais e equipamentos fotográficos
  • Livrarias e Papelarias
  • Comércio de animais vivos
  • Comércio de bijuterias e semi-joias
  • Comércio especializado de instrumentos musicais e acessórios
  • Comércio de equipamentos de escritório
  • Floriculturas
  • Restaurantes, bares, cafés, padarias e fast-food para consumo no local

3º. Ciclo (em adição às atividades em funcionamento – início previsto em 28 de junho)

  • Igrejas e templos
  • Lojas de bijuterias, artesanatos e souvenires
  • Cabelereiros, barbearias e outras atividades de tratamento de beleza
  • Comércio varejista de doces, balas, bombons e semelhantes
  • Bancas de jornais e revistas
  • Academias e similares
  • Comércio varejista de artigos de caça, pesca e camping
  • Comércio de objetos de arte
  • Comércio de fogos de artifício e artigos pirotécnicos
  • Comércio varejista de armas e munições

4º. Ciclo (em adição às atividades em funcionamento)

  • Creches, Escolas e Universidades – a partir de 06 de julho
  • Cinemas – a partir de 29 de junho
  • Casas de show e eventos – a partir de agosto

O plano considerou, conforme informações do governo, o pico projetado da pandemia na região metropolitana de Manaus, em estudo elaborado pelo governo; a necessidade de diminuir a pressão sobre a rede de assistência de saúde; de disponibilizar ao setor produtivo um cronograma de retomada com base na curva de queda de casos; e de garantir a segurança pública e a ordem social.

O plano prevê, ainda, ampliar a capacidade de testagem e monitoramento de sintomas para identificar e ajustar o cronograma e a velocidade de liberação das atividades econômicas, protegendo grupos de risco.

O governador Wilson Lima informou, ainda, que é preciso levar em consideração que o pico pode se manter, conforme o comportamento social. O estudo considerou variáveis como isolamento social, mortes por dia, quantidade de leitos de UTI de hospitais públicos e privados, entre outras.

Pandemia gera colapso no sistema de saúde e funerário do AM

Por conta do aumento no número de mortes, a Prefeitura de Manaus passou a enterrar caixões em valas comuns, chamadas pelo órgão de trincheiras. Uma medida ainda mais drástica havia sido tomada: enterrar caixões empilhados. Porém, o procedimento foi cancelado após a revolta de familiares. O serviço público também passou a disponibilizar, diante do esgotamento no estoque de urnas funerárias e a alta demanda nos cemitérios, a cremação de corpos.

Prefeitura de Manaus volta atrás sobre decreto que permitia empilhamento de caixões
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No Amazonas, segundo a Secretaria de Saúde, a taxa de ocupação de leitos de UTI estava em 94% até às 13h desta terça (24). O boletim da FVS, divulgado nesta quinta, aponta que entre os casos confirmados de Covid-19 no Amazonas, há 268 pacientes internados, sendo 133 em leitos clínicos (51 na rede privada e 82 na rede pública) e 135 em UTI (57 na rede privada e 78 na rede pública).

O caos na saúde levou o presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), Josué Neto, a aceitar, nesta quinta-feira, o pedido de impeachment do Governador do Amazonas, Wilson Lima, e do seu vice, Carlos Almeida. Agora, a casa vai dar prosseguimento na análise das denúncias por meio de uma comissão da ALE-AM.

Até terça-feira, mais de 400 profissionais de saúde haviam sido infectados pelo novo coronavírus e dez mortes foram registradas no Amazonas. Com diversos profissionais afastados, o sistema pública tem ainda mais dificuldade de atender à população. A secretária de saúde do Amazonas, Simone Papaiz, diagnosticada com a Covid-19, já havia declarado que a falta de profissionais atrasa a abertura de novos leitos no estado.

O governo anunciou, no último dia 21, que novos leitos seriam usados no Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV). Um hospital de campanha, administrado pela Prefeitura, e um hospital de retaguarda também foram abertos para desafogar as principais unidades de saúde da capital.

Via: globo