Wilson Lima diz que queda dos casos de Covid-19 e aumento da capacidade de atendimento na saúde serão considerados. AM registra mais de 5 mil casos da doença e tem 94% dos leitos de UTI ocupados.
O Governo do Amazonas apresentou, nesta quinta-feira (30), um plano de reabertura das atividades econômicas em Manaus e na região metropolitana, que tem início previsto para o dia 14 de maio e que segue em ciclos até agosto. A estratégia, de acordo com o governo, é condicionada à curva da Covid-19 no estado, que vem cresce em ritmo acelerado desde o registro do primeiro caso. Conforme boletim epidemiológico desta quinta-feira, o Amazonas tem mais de 5 mil casos confirmados do novo coronavírus e apresenta um dos piores cenários nacionais.
Nesta quinta-feira, o Governo do Amazonas também anunciou que prorrogou, até 13 de maio, a suspensão de serviços não essenciais no estado. O governo informou que tomada de decisão sobre o relaxamento do isolamento social será auxiliada por um comitê.
O plano apresentado pelo governador Wilson Lima, durante reunião com prefeitos, vai depender da confirmação das projeções feitas por um estudo elaborado pelo próprio governo. O estudo foi coordenado pelos professores Samy Dana e Alexandre Simas, e contou com apoio de médicos, infectologistas, estatísticos e economistas.
O resultado da análise aponta que Manaus e cidades da região metropolitana já atingem, nesta semana, o pico de casos de Covid-19. O estudo projeta, ainda, que o pico permanece até o dia 10 de maio, com início de curva decrescente a partir do dia 11.
Wilson Lima disse, por meio de assessoria, que dois fatores precisam ser levados em consideração: a queda dos casos de Covid no estado e o aumento da capacidade de atendimento da rede de saúde. “Até lá nós vamos fazer essa avaliação. Lá pelo dia 10, 11 vamos fazer uma reunião com toda a equipe e vamos avaliar se os números caíram ou se mantiveram. Se os números se mantiveram, a gente vai ter que prorrogar nosso decreto”, disse Lima, por meio de assessoria.
O plano de abertura das atividades econômicas foi desenvolvido por ciclos e seguiu, segundo o governo, os seguintes critérios de prioridade: vulnerabilidade perante à crise; número de trabalhadores e clientes em circulação; nível de aglomeração de pessoas; adaptabilidade do setor; arrecadação per capta; e impacto fiscal e na cadeia produtiva.
Confira o plano de reabertura por ciclo:
1º. Ciclo (em adição às atividades essenciais em funcionamento – início previsto em 14 de maio)
- Lojas de artigos esportivos e afins
- Lojas de artigos para casa
- Lojas de vestuário, acessórios, calçados e afins
- Lojas de móveis e colchões
- Joalherias e relojoarias
- Comércio de artigos médicos e ortopédicos
- Serviços de publicidade e afins
- Pet-shops e afins
- Lojas de variedades
- Agências de turismo e afins
- Concessionárias e revendas de veículos em geral
2º. Ciclo (em adição às atividades em funcionamento – início previsto em 21 de maio)
- Lojas de brinquedos
- Lojas de departamentos e magazines
- Comércio de cosméticos, produtos de perfumaria e de higiene pessoal
- Lojas de eletrodomésticos, áudio e vídeo
- Lojas de informática, comunicação, telefonia e materiais e equipamentos fotográficos
- Livrarias e Papelarias
- Comércio de animais vivos
- Comércio de bijuterias e semi-joias
- Comércio especializado de instrumentos musicais e acessórios
- Comércio de equipamentos de escritório
- Floriculturas
- Restaurantes, bares, cafés, padarias e fast-food para consumo no local
3º. Ciclo (em adição às atividades em funcionamento – início previsto em 28 de junho)
- Igrejas e templos
- Lojas de bijuterias, artesanatos e souvenires
- Cabelereiros, barbearias e outras atividades de tratamento de beleza
- Comércio varejista de doces, balas, bombons e semelhantes
- Bancas de jornais e revistas
- Academias e similares
- Comércio varejista de artigos de caça, pesca e camping
- Comércio de objetos de arte
- Comércio de fogos de artifício e artigos pirotécnicos
- Comércio varejista de armas e munições
4º. Ciclo (em adição às atividades em funcionamento)
- Creches, Escolas e Universidades – a partir de 06 de julho
- Cinemas – a partir de 29 de junho
- Casas de show e eventos – a partir de agosto
O plano considerou, conforme informações do governo, o pico projetado da pandemia na região metropolitana de Manaus, em estudo elaborado pelo governo; a necessidade de diminuir a pressão sobre a rede de assistência de saúde; de disponibilizar ao setor produtivo um cronograma de retomada com base na curva de queda de casos; e de garantir a segurança pública e a ordem social.
O plano prevê, ainda, ampliar a capacidade de testagem e monitoramento de sintomas para identificar e ajustar o cronograma e a velocidade de liberação das atividades econômicas, protegendo grupos de risco.
O governador Wilson Lima informou, ainda, que é preciso levar em consideração que o pico pode se manter, conforme o comportamento social. O estudo considerou variáveis como isolamento social, mortes por dia, quantidade de leitos de UTI de hospitais públicos e privados, entre outras.
Pandemia gera colapso no sistema de saúde e funerário do AM
Por conta do aumento no número de mortes, a Prefeitura de Manaus passou a enterrar caixões em valas comuns, chamadas pelo órgão de trincheiras. Uma medida ainda mais drástica havia sido tomada: enterrar caixões empilhados. Porém, o procedimento foi cancelado após a revolta de familiares. O serviço público também passou a disponibilizar, diante do esgotamento no estoque de urnas funerárias e a alta demanda nos cemitérios, a cremação de corpos.
No Amazonas, segundo a Secretaria de Saúde, a taxa de ocupação de leitos de UTI estava em 94% até às 13h desta terça (24). O boletim da FVS, divulgado nesta quinta, aponta que entre os casos confirmados de Covid-19 no Amazonas, há 268 pacientes internados, sendo 133 em leitos clínicos (51 na rede privada e 82 na rede pública) e 135 em UTI (57 na rede privada e 78 na rede pública).
O caos na saúde levou o presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), Josué Neto, a aceitar, nesta quinta-feira, o pedido de impeachment do Governador do Amazonas, Wilson Lima, e do seu vice, Carlos Almeida. Agora, a casa vai dar prosseguimento na análise das denúncias por meio de uma comissão da ALE-AM.
Até terça-feira, mais de 400 profissionais de saúde haviam sido infectados pelo novo coronavírus e dez mortes foram registradas no Amazonas. Com diversos profissionais afastados, o sistema pública tem ainda mais dificuldade de atender à população. A secretária de saúde do Amazonas, Simone Papaiz, diagnosticada com a Covid-19, já havia declarado que a falta de profissionais atrasa a abertura de novos leitos no estado.
O governo anunciou, no último dia 21, que novos leitos seriam usados no Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV). Um hospital de campanha, administrado pela Prefeitura, e um hospital de retaguarda também foram abertos para desafogar as principais unidades de saúde da capital.
Via: globo